quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Paramentos judaicos - Tefilin






"E as atarás como sinal na tua mão e serão por filactérios entre teus olhos".
( Deut.VI:8)




O que é?

O termo Tefilin é reminescente da palavra Tefilá (prece).
Consiste em duas pequenas caixas quadradas de couro de um animal casher, permitido para consumo. Devem formar um quadrado perfeito e as tiras de couro devem ser pintadas de preto, sem qualquer falha. Dentro de cada caixa encontram-se escritos em pergaminho (que também é feito de um animal casher), quatro parágrafos da Torá.
A Torá apenas nos diz que devemos "amarrá-los sobre a mão e devem ser como lembrança entre os olhos". Os detalhes de como devem ser escritos, preparados, encaixados foram transmitidos através da Tradição Oral, a partir de Moisés (Moshé) que recebeu todos os detalhes do procedimento diretamente de D-us, até que foram anotados pelos sábios na Mishná, no Talmud e no Shulchan Aruch, para que não fossem perdidos.
As caixinhas são chamadas de "de-cabeça" (shel rosh) e "de-mão" (shel yad).
A caixinha "de-mão" é colocada sobre o braço esquerdo de maneira a ficar encostada junto ao coração, sede das emoções, com a correia de couro suspensa sendo enrolada na mão esquerda, bem como no dedo médio. Tem uma única divisão com as passagens da Torá em um só pergaminho.
A "de-cabeça" é colocada acima da testa, de maneira a pousar sobre o cérebro. Contém quatro divisões com pergaminhos sobre os quais estão escritas quatro passagens da Torá.
A Torá descreve Tefilin como um sinal de envolvimento do indivíduo expressando seus sentimentos básicos de identificação e valores judaicos.
Os Tefilin são colocados no braço, junto ao coração e sobre a cabeça a partir do momento em que o menino completa 13 anos, seu bar-mitsvá. Isto significa a ligação dos poderes emocionais e intelectuais a serviço de D-us.
As tiras, estendendo-se do braço para a mão e da cabeça às pernas significam a transmissão da energia intelectual e emocional para as mãos e os pés, simbolizando sentimento e ação.
Conteúdo
Os quatro parágrafos da Torá que se encontram dentro dos Tefilin são:
Shemá Israel - Proclama a Unidade Divina, base fundamental da fé judaica: descreve a ordem Divina de colocar os Tefilin sobre a mão e a cabeça.
Vehayá Im Shamoa - Expressa a promessa de D-us, da compensação que nos advirá da observância dos preceitos da Torá e o aviso da retribuição pela desobediência aos mesmos
Cadêsh Li - O dever de Israel de sempre relembrar a redenção da escravidão no Egito.
Vehayá Ki Yeviachá - Recorda o dever de cada pai judeu de ensinar a seus filhos todos estes temas.

Por que as mulheres não são obrigadas a usar Tefilin?
Conforme a Lei Talmúdica, as mulheres estão "isentas" de cumprir rituais que devem ocorrer a horas determinadas do dia. Como os Tefilin são colocados durante o serviço religioso da manhã, as mulheres estão liberadas desta obrigação. O motivo mais provável para a isenção dada às mulheres é que se considera inadequado usar um objeto sagrado como os Tefilin estando em estado de impureza. E as mulheres são periodicamente consideradas impuras (porque perdem vida) em virtude do ciclo menstrual.

Outros significados
O livro Zôhar diz que atando os Tefilin, "se amarra o instinto maligno" da pessoa. Daí a sua colocação no lado esquerdo, lado mais fraco ou lado direito para os canhotos. Assim o braço não está mais livre para mover-se contra a vontade de D-us. As correias atadas envolvendo o braço com os conceitos enunciados nos Tefilin, são para lograr que o ser humano alcance o nível predisposto de "Amarás a D-us com todo teu coração, com toda tua alma e com toda a tua força", conforme o Shemá Israel, presente nos Tefilin.

As sete voltas
A cabeça deve comandar o coração. O coração é considerado o centro das emoções, que são divididas em sete tipos, dentre as quais amor, temor e piedade.

As três voltas no dedo médio
Um dos simbolismos dos Tefilin é a devoção e afeição entre D-us e Israel, que são citados como noivos. Assim as voltas em torno do dedo simbolizam uma aliança, e uma tríplice referência ao noivado de D-us com Israel.

As duas tiras que caem
Significam a influência da cabeça sobre o resto do corpo, em seus lados direito e esquerdo. Tudo isto indica que assim como fisicamente o cérebro é o centro nervoso mais vital e que controla o corpo todo, também espiritualmente o intelecto serve para guiar toda a vida do judeu; o corpo, com todos seus membros e órgãos deve estar a serviço dos mandamentos Divinos diariamente.
O Tefilin "de-mão" deve ser colocado antes do "de-cabeça". Isto representa o princípio judaico de que a prática deve vir antes da teoria. Devemos antes obedecer os mandamentos Divinos, sem questioná-los e só então entender e se aprofundar em seu significado. A ação deve estar acima da razão elevando o indivíduo a um grande nível espiritual, mesmo sem sua total compreensão e apenas com seu simples consentimento em querer cumprir um mandamento Divino.
No Tefilin da cabeça estão gravadas duas letras Shin (do alfabeto hebraico), sendo que uma tem três pontas e a outra tem quatro pontas. O valor numérico da letra Shin é 300; a soma das duas totaliza 600, sendo que as duas letras juntas formam a palavra Shesh (que significa seis), o que soma 606. Se adicionarmos o número de pontas das duas letras, que é sete, chegaremos ao total de 613 que é o número correspondente aos preceitos da Torá.
O Tefilin "de-cabeça" vem lembrar ao homem de submeter os seus olhos e seus ouvidos a D-us. O Tefilin "de-mão" vem subordinar apenas um órgão, o coração, fazendo com que as emoções e sentimentos sejam dirigidos a D-us.
O Tefilin "de-mão" tem um só compartimento equivalente ao sentido do tato, enquanto o "de-cabeça" possui quatro compartimentos, equivalentes aos quatro sentidos encontrados na cabeça: visão, audição, paladar e olfato. Assim, a pessoa desperta todos os seus sentidos para o serviço Divino.
Quando o homem coloca Tefilin de manhã, quatro anjos cumprimentam-no ao sair pela porta.
Como o assunto é vasto, recomendamos a leitura no site www.visaojudaica.com.br e no botão Comunidade judaica e clicar nos links Beit Chabad, Mitzvót e Tefilin.




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